terça-feira, 30 de junho de 2009

A nossa luta

O poema Deriva de Sophia de Mello Breyner Andersen abre a grande viagem por terras do SUL de Miguel Sousa Tavares.

Deriva

Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais

As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri

O Piolho fez 100 anos

Em 1909, ainda na monarquia, o Botequim Âncora d'Ouro abria porta. Apenas dois anos depois foi fundada a Universidade do Porto.
O Piolho, aliás, Café Âncora d' Ouro celebrou no dia 26 de Junho um século de vida.
A alcunha é antiga. Há duas versões: numa delas o nome deriva da enorme mancha humana e respectivo bruá dos clientes entre as 13 e as 15 horas e, cujo ambiente era caracterizado como " piolhice". Na outra versão, o café era frequentado por professores e alunos e alguém apelidava essa forma de convivência com alguma parcimónia, de O Piolho.
A vivência d'O Piolho só é compreendida por quem lá passa.
Inúmeras placas de mármore e ardósia cobrem as paredes do café partilhando a memória de muitas gerações de estudantes universitários do Porto e diferentes situações políticas. Hoje, O Piolho marca as conversas, as tertúlias e as vozes dos estudantes.
Há ainda duas curiosidades: o café Âncora d' Ouro foi pioneiro a ter o café expresso, cuja máquina da marca La Cimbali,originou o tradiconal cimbalino. A segunda e, não menos discipiente - a coluna dourada junto ao balcão é encimada por doze lâmpadas que, em conjunto com a ventoínha custaram no ano de 1913, 60 cêntimos.